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repórter
10 août 2007

Dos grilos (2)

Deslurado, por acção do caçador, o músico emerge no terreiro. Tal-qualmente negra besta a irromper dos curros, vai deter-se no redondel, hastes perscrutadoras. Por desconforto ou apreensão, um frémito de crença natural impelirá o touro para o aconchego...
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10 août 2007

Central

Verão, Inverno, noite ou dia clareado, já elas andam a debicar o chão, entre os pés dos passageiros. A coxear, asa ferida, surpreendem migalhas, minúsculos nadas. Outros deserdados por aqui vagueiam. Alguns pedem esmola, alguns desistiram. É sempre assim...
10 août 2007

Os bravos

Inopinado, o espaço sobressalta-se com um grito. Um uivo sem fim, estridente, cortante. De lés a lés a terra estremece, se cala. Sob a desgraça que paira no ar. Nas ruas irrompem homens aflitos, em resposta à chamada raivosa. Percebe-se, nas respirações,...
10 août 2007

Encruzilhada

O velho cidadão tinha um pensamento bíblico, de certo modo: tendia para as parábolas. Inquirido sobre o tempo alegorizava. Perguntado sobre o lugar divagou: Os gafanhotos chegaram em bando compacto e logo se juntaram aos outros no desfrute. Desde aí a...
10 août 2007

Identidade

Atentando bem, é nesta gente derramada para fora do mercado e que escorre na ladeira lateral, sentada no murete, sentada no chão, nesta gente que parece ser de um outro tempo, não ser daqui, homens de chapéu, mulheres de escuro, lenço preto na cabeça,...
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5 septembre 2013

A BULA

Segue-se nos próximos dias a publicação dos Comprimidos Literários Prosa e Ilustração de Augusto Baptista & Titular da Autorização de Introdução no Mercado e Fabricante: www.correiodoporto.pt Este folheto foi aprovado pela última vez no dia 31 de agosto...
10 août 2007

Dos cheiros

Quando chovia, todo o mundo ia ver derrapar os carros. Os que mais dançavam eram os mais cautelosos, os que mais devagar se faziam à ladeira. Ziguezagueavam no paralelo besuntado e, à boca do armazém, quase a vencer o íngreme percurso, navegavam sem norte....
20 mai 2007

Recortes

Cirandou pelas ruas principais. Passou por um ou outro café, viu amigos, perdeu-se em espaços que lhe recordaram a meninice. O jardim era então o centro do mundo. Por altura das festas, a comissão mandava ali instalar um coreto e, pela tarde, arrancavam...
24 octobre 2006

Comboio para Bragança

Por gosto, quando amigos meus, na transição dos anos 80/90, iam de avião para Bragança, apanhava eu o comboio em São Bento. Esperava-me um dia de viagem, curta demora, sempre achei, para o muito que ali se aprendia: a paisagem, as pessoas, as conversas,...
19 octobre 2006

Bordados à mão

Colado à montra, a desafiar os olhos da rua, o letreiro: "Bordam-se lençóis à mão". Foquei a objectiva, feito à imagem. «Ó senhor, o que está a fazer?». Apontei para o papel. «Mas por que está a fazer isso, senhor?» Modelei discurso: hoje com tudo feito...
18 octobre 2006

Um domingo sem história

Dia agradável, embarco no comboio, rumo a Espinho. A viagem, no suburbano com partida de São Bento às 16h10, decorre sem percalços. Em Espinho, inevitável, a marginal. Tarde de domingo a propor óculos de sol, variada oferta a roçar os pés dos transeuntes:...
17 octobre 2006

Um ás da sobrevivência

De uma prole de 27, a fome e a doença dizimaram 20. Joaquim Lopes sobreviveu à hecatombe familiar e cresceu com esse jeito ganhador. Aos 12 anos era ardina de sucesso; aos 30, o lendário "Lopes dos jornais". E depois de transitar por dois empregos de...
2 octobre 2006

Poesia maior

Arquitecto de formação, Virgínio Moutinho é um obreiro de quimeras, a que chama brinquedos. Escultor de utopias, as suas obras aspiram ao perpétuo movimento, à concreta abstracção, ao pleno despojamento, ao paradoxo. E à síntese, na alquímica transmutação...
25 septembre 2006

Humor em Abel Salazar

De Abel Salazar prevalece a imagem do circunspecto cientista e professor da Escola Médica do Porto, do artista grave, cores penumbrosas e térreas, desenhos cinza-carvão, cobre martelado... E no entanto — artista da vida, permanente deslumbre pela Mulher,...
25 septembre 2006

A democratização da cueca

Testemunhei um milagre. Exactamente: um milagre. A história conta-se em poucas linhas e passou-se há cerca de dois anos. Ia eu na A1 para Coimbra, ao volante o meu amigo Fernando Mora Ramos, a rondar Albergaria-a-Velha, de repente o céu ruiu numa tormenta...
11 septembre 2013

A BULA VII

COMPRIMIDO V O homem que morre ao anoitecer Natureza assumida no seu esplendor, cada momento elo de uma infinda relação, nele a morte é realidade vivenciada dia a dia, mortalha em que se deita e acorda, de manhã. O caixão comprou-o já faz anos e aí adormece...
7 septembre 2013

A BULA III

COMPRIMIDO I O Homem que caç ou a deusa Levou a arma à cara. Cano virado para o céu, um tiro. A criatura, cega ao rumo que levava, caiu. -Busca, Flecha! -ordenou o caçador. A perdigueira, a abanar o rabo, fez-se ao monte. Breve regresso: na boca, Diana,...
10 septembre 2013

A BULA VI

COMPRIMIDO IV O homem que cortava a direito Os amigos recordam-no, saudosos, como um homem recto, cidadão que, face a contrariedades, não perdoava: se os calos o magoavam, vik!; se lhe doíam os dentes, vuk! A última vez que foi visto queixara-se de uma...
31 mai 2010

Azul-Canário

O Augusto Baptista tem também um novo blog. Visite o Azul-Canário!
19 octobre 2006

A revelação dos passos

As pessoas estão a ficar cada vez mais egoístas. Faça o teste: saia à rua, trace um rumo, caminhe. Sem desvio. Verá meio mundo a esbarrar contra si. Tudo gente que anda a direito. Sem desvio. Augusto Baptista In Notícias Magazine de 1 de Set 2002
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