Comboio para Bragança
Por gosto, quando amigos meus, na transição dos
anos 80/90, iam de avião para Bragança, apanhava eu o comboio em São Bento.
Esperava-me um dia de viagem, curta demora, sempre achei, para o muito que ali
se aprendia: a paisagem, as pessoas, as conversas, o comboio.
Frequentemente viajava com gente da zona, que assim
se ligava ao mundo; e com pequenos lavradores, ida e vinda entre casa e a
courela, nas abas da linha. Com eles comia, bebia — recusa era desconsideração
— ouvia-lhes a vida. À conversa na língua universal da partilha e do sorriso,
na súcia entravam turistas, vindos dos confins, só para fazerem a viagem.
Aquela viagem.
Como
foi possível, como consentimos o abate deste voo no Tempo?
AB
In
Notícias Magazine de 23 de Jun 2002